Sobre criar crianças feministas…

Por aqui, a palavra feminismo ainda não apareceu na conversa com as crianças. Mas a gente se esforça pra que eles possam ter uma criação feminista.

Mas o que é feminismo?

Feminismo trata de igualdade, a luta feminista é para que homens e mulheres tenham os mesmos direitos. Ou, trocando em miúdos, feminismo é a ideia radical de quem mulher também é gente.

Feminismo para minha filha

Criar uma menina, num mundo machista como o que temos, é desafiador.

Assim que a minha filha nasceu, uma amiga me perguntou como eu me sentia sendo mãe de uma menina. Na hora eu só pensava nos lacinhos que tinha recusado de alguns familiares, do brinco que não ia colocar na orelha dela, da invasão forçada do cor de rosa no guarda roupas. Sim, essas questões de estereótipos do feminino importam. Mas eu ainda não tinha percebido que o buraco é mais em baixo.

Eu já era, digamos, simpática ao feminismo. Mas só fui me reconhecer e me dizer feminista depois de ter uma filha.

Violência de gênero. Divisão desigual do trabalho doméstico. Não quero que minha filha seja vítima de tudo isso. A partir de quando me tornei mãe de uma menina passei a me reconhecer feminista.

Enquanto ela é uma criança pequena, nosso caminho de criação é reforçar sua auto estima e não se deixar diminuir. É garantir que ela tenha acesso às mesmas oportunidades que seus irmãos. É protegê-la ao máximo dos rótulos estereotipados do feminino como fragilidade, instinto maternal, boa trabalhadora do lar e tantos outros.

Os adjetivos que ela mais ouve de mim e do pai são forte e corajosa. Acho que faço uma lavagem cerebral do bem 🙂

Feminismo para meus filhos

E a responsabilidade que é criar meninos não machistas? É enorme!

O machismo é tão impregnado na nossa sociedade que, sem que façamos algum esforço, nossos filhos serão pequenos machistas. É um trabalho de formiguinha e de grande importância criar meninos feministas.

Nosso jeito

Longe de mim querer dar receita de criação de filhos, tá?

Eu, Lívia, sigo estudando feminismo e suas bases, lendo autoras bacanudas sobre isso e sobre criação de crianças.

Mas o nosso jeito de pautar o feminismo no dia a dia daqui de casa inclui algumas ferramentas que quero compartilhar:

  • Divisão justa do trabalho doméstico. (Chimamanda fala sobre isso no seu livro “Para Educar Crianças Feministas“. Aliás, leiam, é maravilhoso!) Aqui, pai e mãe fazem todas as tarefas da casa e do cuidado das crianças. E crianças também, na medida das suas possibilidades por idade, fazem tarefas de cuidado do lar.
  • Histórias de mulheres. Falar sobre mulheres importantes, ouvir músicas feitas por mulheres, ler histórias protagonizadas por mulheres, nos ajuda a mostrar que mulheres são igualmente capazes de realizar. O livro “Grandes Mulheres que Mudaram o Mundo” foi uma aquisição incrível e as crianças aqui adoram passar um tempo admirando as histórias e os feitos de tantas mulheres.
Irmãos lendo no sofá
Foto por Maíra Suarez Fotografia
  • Ressignificação de princesas. Aquela princesa frágil que fica esperando o príncipe pra salvá-la e viver feliz no final existe em muitos livros e desenhos. As histórias de príncipes e princesas ocupam bastante do imaginário das crianças. Mas a gente aqui procura oferecer histórias bem diversas e, quando tem princesa, tem princesas bem maneiras. Uns livros queridos aqui são “Princesas em Greve!” e “Procurando firme“.

Livros de princesas

  • Brincadeiras livres. Aqui não tem separação de brincadeiras de meninos e de meninas e todos podem brincar do que quiserem: carrinho, cozinha, bonecas, jogos de montar, subir em árvore, bola etc. É no brincar que cada criança exercita suas habilidades, se desenvolve. Imagina ser tolhida de brincar de subir na árvore por que isso é coisa de menino? Ou não poder brincar de cozinha, por que é coisa de menina?
Menina na árvore
Foto por Maíra Suarez Fotografia

 

Vamos seguindo nosso caminho ao longo do caminhar, na criação de crianças por um mundo melhor. Deixe aqui seu comentário contando pra nós qual é o seu jeito de pautar o feminismo na maternidade/paternidade 😉

 

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